Monday, June 05, 2006

5 minutos e um cigarro

Acendi o cigarro. Era o 1º do dia. Fiquei a olhar para o vermelho do lume, «devia parar com esta merda» pensei, como tantas outras vezes.
Encostei-me no sofá. O meu olhar fixou-se na lua. Linda. O fumo sai-me da boca. Desviei o pensamento da lua. Vi-me no meio do mar. Apenas eu e o meu cigarro. Senti a água a percorrer-me o corpo. Não estava fria, fazia-me sentir limpa. Reparei novamente no fumo da boca. Ouvi as ondas, pareciam falar.
Já não estava no mar. Tinha ao lado uma figura que não entendia, um homem que esbracejava para uma parede. O lume do cigarro sobressaia na penumbra. Ouvi uma música ao longe, um amontoado de sons musicais, numa sinfonia desconexa. Levantei o olhar e vi-me num espelho. Uma imagem distorcida «Aquela não sou eu», pensei. Pus mais uma vez o cigarro á boca. Este eu sabia que existia.
De novo no mar. Senti o ondular da água nas costas. Agora estava fria. Mais fumo do cigarro. um peixe desviou-se de mim. Vi a cauda dele agitada, como que barafustando pelo desvio. Senti-me a mais. Ao longe as luzes da cidade. Eram ordenadas, uma ao lado da outra pela costa. Pensei na forma que deliniavam, uma linha torcida como um corpo em dor. Era a imagem da cidade...«esta não é a minah cidade».
De novo o homem que esbracejava «Não entendo». A penumbra era mais densa. O cigarro foi novamente de encontro á minah boca. Estava agora tapada, a lua. Uma nuvem atrevida passa-lhe á frente. Lembrei-me do peixe do mar «Mas porque não para o homem de esbracejar?!». O fumo envolve-me os sentidos. Sinto o dedo quente «Merda! Queimei-me com o cigarro!» Levantei o olhar. Tudo como quando acendi o cigarro.
O mar a entuar cantos de água, a lua a dançar entre as nuvens, as mesmas vozes ao longe. Tinha acabado o cigarro e com ele a viagem. «Tenho que deixar de fumar».
Já sei o que me tentavam dizer os braços do homem. Uma toalha que secava estava a cair com o vento. Acenei-lhe em apreço e despedi-me do sofá. Até um outro cigarro...



Calp, Agosto 2005

10 comments:

Anonymous said...

LLOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLL...!!!!!!
Quantos cigarros vais fumar este ano? Para a próxima dá um toque para eu vir à janela!!! Podes precisar de ajuda e não queremos que faças pinball até ires para a cama pois não?! Hi hi hi (private joke!) Calpe, aqui vamos nós!! ;)
BJINHUXXX, Quinhas

Tiago Carneiro said...

Escreves bem mana! Mas que raio é que tomaste tu no dia em que chegamos a calp o ano passado?! Eu sei que chegamos tarde mas não era assim tão tarde poara tares grog a ver homens a esbracejar enquanto fumas um cigarro LOL

Agora a sério: gostei do texto! E sempre achei que devias aprofundar mais a tua veia de escritora.

Joana Carneiro said...

oh meu manito, escrevi isto numa da snoites q fiquei a estudar!! n foi no dia de chegada! o estudo da-me smp p ficar grog :P


Quinhassssssssssss!!! Ainda n tava no ponto de fazer pinball....espero por ti p isso :))))))))))))))))

Unknown said...

Obrigada, ainda bem k as joaninhas continuam com o mesmo sabor, agora já sei onde encontrá las.

Andre said...

Sabes Joana, eu não me axo pessimista, apenas às vezes "ponho-me" a pensar em certas fases da minha "ainda curta" vida!mas sabe bem "ler/ouvir" o que me disses-te!!! obrigado pela força...

quanto a este teu post, digo: sem palavras, escreves mto bem...qual Sophia de Mello Brayner, um bocadinho melhor ;)

Gina said...

Bolas!!!
Diaxo dos cigarros, é mau kd. nos fazem ou ajudam a sonhar, passei por aki estavas no blog da minha amiga sininho e gostei do ke li.
Não te preocupes somos muitas ke fazemos uma multidão.

Sandman said...

Olá. Escreves razoavelmente bem, conseguiste transmitir uma imagética interessante de um acto tão banal quanto sacar umas passas de um cigarro.

Só um pequeno reparo: Deverias escrever os posts primeiro no Word, e só depois passá-los para o blogger.

Isto por dois motivos: Primeiro, podes aplicar o corrector ortográfico e corrigir os eventuais erros que sempre se dão, quando escrevemos a partir de uma associação de ideias subliminar (exemplo: deliniavam - delineavam | minah - minha | entuar - entoar).

Segundo: já me tem acontecido o blogger passar-se das antenas cónicas em formato de apêndices chifrados, e eliminar-me os posts que tão laboriosamente criei, depois de clicar no botão "Publish". Agora, é sempre tudo no word, e gravado.

Quanto ao resto, a escrita está engraçada, deverias pensar em escrever contos, para praticar.

Cumprimentos

PS - Já agora, penso que não seria má ideia aqueles que comentaram também aplicarem um corrector ortográfico às suas respostas. Aqui não é aki, que não é k (ou q), acho não é axo, quando não é kd, disseste não é disses-te, e muito não é mt.

Como dizia o Poeta, "A minha Pátria é a minha língua", pelo que não deveríamos desvirtuá-la, ainda para mais num meio essencialmente literário, como são os blogs.

Sandman said...

Olá. Ainda vamos acabar por ter uma conversa de comentários cruzados em blogs alternados :-)

Penso que não percebeste o que disse: quando disse que escreves razoavelmente bem, não queria dizer que o post era razoável, queria mesmo dizer que escreves razoavelmente bem; concordarás decerto que são dois conceitos totalmente diferentes. Se no segundo podes depreender que o post estava mais ou menos, ou seja, fraquinho, a primeira descrição apenas significa que escreves bem, mas somente necessitas de uns ajustes.

Não é nada de que te devas sentir ofendida, na verdade, porque foi um elogio; sou a primeira pessoa a dizer que é medíocre, se realmente for, pois que devemos ser sinceros, ao invés de estarmos a amaciar os nossos comentários com louvores mentirosos, apenas porque a pessoa que escreveu o texto é nossa/o amiga/o.

Posso no entanto ser mais específico, para que não fiques melindrada: tens uma boa articulação das palavras, consegues desenvolver uma ideia de uma forma lógica e compreensível para quem te lê, sabes esplanar os teus conceitos e torná-los razoavelmente (lá estou eu outra vez...) apelativos. O que te falta, em certa medida (porque já tens uma centelha disso), é a paixão na escrita, que é o mesmo que dizer, aquele ímpeto que te levou a registar os acontecimentos no papel (virtual), e também a técnica para conseguires realçar aquilo que realmente interessa.

No caso específico do teu post, por exemplo, terminas o texto com a chamada "punch line", que é o homem que esbracejou durante todo o acontecimento, para te informar que a toalha estava a cair. Sabemos que existe um homem a tentar chamar-te a atenção, mas não sabemos porquê, e sinceramente, acaba por não se tornar muito importante, uma vez que não desenvolves essa ideia como deverias desenvolver, ao longo do texto, não instilas a curiosidade no leitor: porque será que está o homem a esbracejar, enquanto ela fuma calmamente o cigarro e se submerge num mundo próprio? Existe algum elo de ligação entre o esbracejar, e a estória interior que está a decorrer? Virá daí alguma revelação paralela que ilumine e explique o que se está a passar?

Terminas bem, com um anti clímax, que para o teu texto se adequa mais do que um final com trompas e fanfarras e fogo de artifício, mas poderias, de alguma forma, ter dado mais relevo ao homem, e ter talvez estabelecido uma ligação entre os dois eventos que ocorreram em simultâneo. Da maneira como está, acaba por ser um final banal, que pouco interessa a quem lê.

Sabes, a escrita é exigente (de certeza que sabes isto), quanto mais escreves e retiras ideias de ti, mais vazia vais ficando, mais esgotada. Mas no final compensa, e quando leres mais tarde algo teu, e pensares "No way, não posso ter sido eu a escrever isto", vai ser uma recompensa enorme, acredita.

Agora, por favor, não me digas que não é de bom tom dizer que não se gostou, ou que aquilo que alguém escreveu é péssimo. Não, não é preferível ficar calado. É preferível sempre criticar, e digo-te desde já que uma crítica negativa que nos arrasa vale mil vezes mais do que uma crítica positiva que nos eleva aos píncaros.

Porque não somos perfeitos, nem nunca atingimos a perfeição; e alguém que nos está sempre a amaciar o pelo, não importa o que façamos, é um mentiroso, não está a ser sincero connosco, e não precisamos realmente disso. Por muito bem ou mal que eu possa escrever, não interessa, vou sempre valorizar uma opinião que me diga, em quaisquer palavras que sejam, que é uma porcaria; ok, não há problema, vou tentar melhorar.

É um dos grandes males desta sociedade; as pessoas abespinham-se e revoltam-se porque alguém exprimiu uma opinião crítica negativa em relação às suas manifestações artísticas, sem realmente pensarem que se calhar foram mesmo medíocres, e que podem melhorar, esforçar-se mais. Não é falta de educação, é um favor que nos fazem. Se estás a partilhar ideias ou sentimentos ou estados de alma, isso significa necessariamente que partilhas com alguém (é esse o conceito de partilha), pelo que acredito que queres que aquilo que partilhas seja agradável ou interessante para quem te lê; não existe isso de escrever para nós próprios, temos sempre um ou mais destinatários, mesmo que não saibamos quem são, de outra forma não escreverias num blog público, isto é, guardarias antes tudo no teu computador, sem mostrar a quem quer que seja.

Os erros na escrita não tornam o teu texto mais pessoal, apenas revelam um mau hábito, ou preguiça da tua parte. Acredita, pois estou a ser sincero, aquilo que torna a tua escrita pessoal é o que escreves, a forma como escreves (as palavras e descrições que utilizas, não os erros), e a maneira como tocas as pessoas do outro lado do monitor/página. Os erros apenas estragam o texto, mostram iliteracia ou preguiça, dificultam a leitura, e revelam que podes ser tudo, mas escritora de (algum) talento, não.

E demonstra, acima de tudo, respeito pelo leitor: o escritor deu-se ao trabalho de corrigir, melhorar o texto, para que quem lê o possa desfrutar melhor. Tenho respeito por ti, e é por isso que corrigi este comentário (que estava cheio de erros, um oceano deles), para que o possas entender melhor, para que possas perceber aquilo que te quero dizer, porque quero que me leias, sem sobressaltos.

Quando referi o Poeta, estava mesmo a falar do Caetano. E deves ter em mente que as abreviaturas e utilização de letras inexistentes na língua portuguesa (k), nasceram da limitação do envio de sms, a 150 palavras. Nos blogs isso não se aplica, pelo que não compreendo porque é que as pessoas não poderão escrever correctamente, ou porque se deverão ofender quando alguém critica esta forma de escrita, que nasceu de uma limitação tecnológica, mas agora apenas existe devido à preguiça mental. Sejamos razoáveis, escrever "que" em vez de "k", e "acho" em vez de "axo", apenas demora mais umas milésimas de segundo, e fica infinitamente melhor. Mostra inteligência, cultura, e respeito pela língua portuguesa, que já por cá andava muito antes de nós sequer existirmos.

Ficas desde já convidada a visitar o meu blog todas as vezes que quiseres. Eu, por minha parte, virei aqui muitas vezes, pois que detecto em ti uma centelha do que faz uma boa escritora, e quero acompanhar essa tua evolução pessoal, esse crescimento. E sim, tens posts agradáveis de ler, e deverias mesmo escrever contos, para praticar: começa com uma ideia ou imagem inicial, desenvolve na cabeça um final surpreendente, e depois deixa que o instinto te guie ao longo da história.

:-)

Anonymous said...

Lindo joana, adorei...

Anonymous said...

Hi! Just want to say what a nice site. Bye, see you soon.
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